6 – Orientação Moral e Religiosa

6 – Orientação Moral e Religiosa

Não seria completa a formação omitindo-se a orientação moral e religiosa. Para a esmagadora maioria da população, a religião é tão importante que dita as normas para a própria existência.
Aulas de ensino religioso e de educação moral e cívica não são suficientes e, nem necessárias. Nesta área de ensino as avaliações, não só são dispensáveis, mas prejudiciais. Não podemos julgar e atribuir notas e conceitos para a vida de qualquer aluno, muito menos determinar se está apto, ou não para ser aprovado ou reprovado.
Através de reuniões de grupo e participação em atividades cívicas e religiosas, orienta-se o educando a descobrir valores que nortearão sua caminhada pela vida. Responsabilidade, transparência, honestidade, humildade, justiça, verdade, amor são alguns desses valores.
Para que o educando não seja somente mais um número descartável na sociedade, mas agente de transformação da mesma, é preciso dar-lhe condições para desenvolver o espírito crítico que não permita que aceite qualquer coisa, sem primeiro examinar sua veracidade e sua necessidade.
Deve-se também introduzir o educando na prática do diálogo, que o ensinará a respeitar o outro e lhe mostrará seus próprios limites, tirando-lhe a ilusão de ser dono da verdade.
A orientação religiosa deve levá-lo assumir, conscientemente, sua própria crença e respeitar a do irmão, que tem o direito de ter suas próprias convicções. Deve também ajudá-lo a purificar sua fé, eliminando toda espécie de idolatria, tabus e superstições.
 As palestras e as reuniões dos alunos devem focalizar a sua vivência em suas realidades escolares, familiares e sociais. As diversas atividades escolares devem ser objeto de diálogo entre os educandos e o orientador para que seus objetivos sejam mais bem compreendidos.
Sendo o ESA uma escola confessional, sob orientação franciscana, muito embora se respeitando a crença de cada educando, desenvolveu-se uma educação religiosa católica, com aulas de catequese nas primeiras séries, reuniões de educação moral e religiosa para os maiores.
Nas datas mais significativas, tais como o inicio do ano letivo, sua conclusão e os dias de Santo Antonio e de São Francisco eram celebradas missas para todos os alunos e funcionários. Aos sábados eram celebradas missas, somente para os alunos a partir das quintas séries, sendo que nessas ocasiões os evangelhos eram encenados e os alunos participavam ativamente da liturgia, o que lhes permitia desenvolver sua criatividade e tornar o aprendizado litúrgico mais dinâmico e participativo, não apenas passivo. Com o mesmo objetivo, durante a quaresma celebrava-se a Via Sacra da fraternidade.

Uma proposta pedagógica de Currículo Integrado 

Como participante desse ensino criativo e libertador, atuei durante nove anos como orientadora educacional nesse importante período histórico do Educandário. O meu trabalho era realizado duas vezes por semana, atendendo crianças e jovens de 10 a 16 anos, através de dinâmicas com reflexão de temas ligados ao seu desenvolvimento, sempre partindo da necessidade diagnosticada da sala de aula pelos professores e direção. Era também realizado através de atendimento individual, com visitas as casas dos alunos e diálogos com os pais.
Era uma proposta que privilegiava o diálogo constante. Essa prática semanal, assumia  cada vez mais uma dimensão dialógica e interativa.Segundo Paulo Freire só há diálogo se houver liberdade. A liberdade aqui era compreendida dentro da concepção de limites e firmeza, buscando favorecer o desenvolvimento físico, o desenvolvimento espiritual e a autonomia moral dos alunos, buscando criar condições objetivas para a sua existência.
Dessa forma, trabalhar para o desenvolvimento integral do educando significava valorizar todas as suas potencialidades, recriando continuamente condições para um bom ajustamento afetivo e social, com base no seu fortalecimento para que de forma significativa, tomasse posição diante de sua história e da sociedade em que estava inserido.
Dentre os aspectos relevantes a serem trabalhados na minha ação e intervenção educativa, nesta proposta pedagógica de currículo integrado, destacava-se: o respeito mútuo, postura ética, internalização de regras, direitos e deveres, auto estima, educação para a vivência do namoro e da sexualidade, educação para valores éticos e morais, formação de lideranças, incentivo ao senso crítico e colaboração no discernimento vocacional e profissional.
Numa atitude de escuta, e de posição mediadora entre direção, professores e família, o acompanhamento se fazia sistemático a cada educando com vista em suas transformações, procurando minimizar as dificuldades inerentes a essas mudanças.
E assim a Orientação Educacional se fazia presente no Educandário Santo Antônio, numa dimensão de serviço e de trabalho voluntário como uma importante ferramenta de atuação num mundo necessitado, carente de segurança e estabilidade, rico de apelos a criatividade, complexo em suas estruturas, transitório em suas alternativas, mas cheio de anúncio de esperanças e de convites imperativos, para que nos aliemos cada vez mais aos movimentos de luta e de propostas de educação em favor de uma vida plena para todos.
                                                                      Siumara da Silveira Melo Quintella

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