Anexo 1 - Depoimentos

Anexo 1 - Depoimentos

Características do ensino do Educandário frente ao ensino praticado em outras escolas, quer públicas quer  particulares.

        Aqueles que trabalharam no Educandário Santo Antônio, entre junho de 1974 e janeiro de 1995 foram profissionais privilegiados.
       Na área acadêmica (pedagógica) tínhamos um corpo docente atuante e dedicado, que sob a coordenação de frei Eduardo Chagas de Nithack e da diretora da escola Profª. Edna Silva Souza e Silva não mediam esforços para que os alunos pudessem ter seus sonhos realizados dentro da instituição.
       Para todos nós professores da época, foi um presente de Deus trabalhar com ambos, pois lançavam e incentivavam profissionais nas mais diversas áreas; dando oportunidades, capacitação, respeito e sabendo ouvir e, quando necessário, chamar a atenção e corrigir, sem ofender, quem estivesse errado. No Educandário aprendemos a prática da teoria que havíamos aprendido na Faculdade.
      Comparando as escolas estaduais e as particulares ao Educandário Santo Antônio, deste era o melhor sistema educativo. O Educandário oferecia aos alunos um ensino de qualidade com destaque as ações humanas dentro do convívio sócia; a direção tinha autonomia, tinha uma clara percepção dos rumos em que navegava, o ambiente era saudável, os fluidos bons, professores, funcionários, alunos e comunidade satisfeitos. Nas atividades realizadas dentro das áreas de ensino era visível o processo ensino-aprendizagem através de gincanas, concursos, apresentações teatrais, feiras e outras atividades.
     Todo o trabalho apresentava metas e objetivos com avaliações freqüentes, tanto de alunos como de professores. A família acompanhava de perto a vida escolar dos filhos, garantindo uma boa educação.
     Nunca nos esquecemos dos momentos compartilhados com os alunos, quando traziam coleções de medalhas e troféus conquistados em competições esportivas, ou nos falavam de seus sucessos nas apresentações artísticas, ou de suas vitórias nos vestibulares e em outros concursos.
    Hoje encontramos ex-professores exercendo funções de destaque na sociedade e ex-alunos ocupando as melhores vagas no mercado de trabalho, graças ao seu aprendizado no Educandário Santo Antônio.
    É bom lembrar que não são necessárias fórmulas mirabolantes para oferecer uma boa educação, pois naquele período o respeito e a humildade atingiram todas as metas e propostas. Deixando o Educandário em posição de destaque não só na cidade, como também na região, em virtude da atuante colaboração e participação da sociedade que reconhecia o esforço dos profissionais que lá trabalhavam.
    Enfim, quando lemos os “Parâmetros Curriculares Nacionais”(PCN) vemos a descrição do trabalho na prática no Educandário, naquele período.
    Santo Agostinho disse:
    “ O único tempo que existe é o presente, o tempo passado é lembrança e o tempo futuro é esperança.”
    Vivemos o nosso tempo no Educandário e hoje só temos a agradecer por sermos profissionais da educação competentes e honestos e, no curriculum a honra da assinatura de frei Eduardo Chagas Nithack, ofm.
                                                                Ex-professores do Educandário Santo Antônio
                                                                Elza da Mata Silva
                                                                José Varrichio Júnior
                                                                Romilda Terezinha de Carvalho
                                                                Sebastião Sérgio Marim
                                                                Vilma da Graça Bandeira Tisso

O ensino religioso no Educandário

     Como diácono em Ibitiuva, mudei-me para Bebedouro e em 1.987 assumi o ensino religioso no Educandário Santo Antônio dando seqüência ao que já existia e implementando novas atividades.
     O ensino religioso era dos melhores, além das aulas, celebravam-se missas aos sábados para os alunos da 5ª série em diante, preparadas pelos próprios alunos, que delas participavam. Alunos de outras denominações religiosas também participavam como voluntários e com grande entusiasmo. Nestas missas, freqüentemente, o evangelho era encenado.
     Em outras ocasiões, tais como abertura e encerramento do ano letivo, festas de santo Antônio e são Francisco, além de outras datas especiais, a Santa Missa era celebrada com a participação de todo o Educandário, diretores, professores, alunos e funcionários.
    Durante a Quaresma a Via Sacra da Fraternidade com alunos das quatro primeiras séries do 1º grau era realizada percorrendo as áreas agrícola e esportiva do Educandário e tendo seu encerramento na Igreja.
     No mês de maio eram preparadas as músicas para a Coroação de Nossa Senhora, dia 31 de maio, às vezes com músicas inéditas compostas por mim ou pelos próprios alunos.
     No mês de junho as festas juninas; em setembro, o mês da Bíblia e em 4 de outubro a Festa de São Francisco de Assis. 

                                                                                Diácono Antônio Antognolli Sobrinho

   
 Minha participação no ensino de atividades manuais no Educandário

    Em 1985, no curso de Pedagogia e Administração Escolar da Faculdade Barão de Mauá de Bebedouro, eu conheci Frei Sérgio Moretto que era o coordenador das atividades manuais do Educandário Santo Antônio de Bebedouro.
     Numa de nossas conversas, sabendo que havia feito curso de trabalhos manuais em São José do Rio Preto (1958), perguntou-me se poderia auxiliaras monitoras de trabalho manuais, em horários extra-classe. Estive auxiliando em bordado, crochê, dobradura e tecelagem por dois meses. Durante esse período, fui apresentada ao Presidente da entidade que após conversarmos me contratou como professora de Marcenaria e ao meu esposo Manoel Canudo como professor de mecânica.
     As aulas de marcenaria que lecionava visavam a criatividade e o amor ao trabalho com responsabilidade, não a profissionalização. Neste parâmetro sempre priorizei o trabalho com monitores, dentre os próprios alunos para que surgissem líderes e que aprendessem a noção de que ninguém é insubstituível.
     Logo que comecei a ministrar minhas aulas percebi que os alunos tinham Sede de Saber. Eram mais interessados que os alunos do estado, forçando os professores a manterem-se informados e criando um ambiente estimulante e agradável. 
      Para que este ambiente estimulante e agradável, não faltava o estímulo por parte da direção. Eu ficava intrigada com a pedagogia e filosofia educacional utilizada para criar tal ambiente.
      Eu era questionada pelos alunos, mesmo fora das oficinas e após o término das aulas. A mim e, acredito que a todos os outros professores, eles sempre chegavam com um jeitinho carinhoso “...a senhora que é mais experiente...” e acabava me rendendo a muitos questionamentos a respeito de assuntos atuais, envolvendo ou não a matéria que lecionava no Educandário.
     Em algumas aulas, sobressaia o senso crítico dos alunos. Nestes momentos, a instituição permitia o erro construtivo. Quero dizer, por exemplo, que em minhas primeiras aulas eles questionavam positiva e respeitosamente a maneira por mim sugerida para construírem suas   tarefas e a instituição permitia que eu como professora não fosse pressionada por permiti-los estragarem alguns materiais para aprenderem com as  próprias experiências.
     Depois de algum tempo passei a orientadora das atividades manuais, supervisionando e orientando professores e monitores dessa área. A menina dos olhos foi a informática, pois  o Educandário, com seu pioneirismo, foi a primeira escola a implantar o ensino da computação no Estado de São Paulo, primeiramente com quinze computadores e professores voluntários, logo com os próprios alunos tornando-se monitores e passando a ensinar seu companheiros menores. Muitos desses alunos, hoje exercem atividades ligadas a informática, não só em Bebedouro, como em outras cidades como por exemplo S. Paulo e Campinas; só como exemplo citarei Marcelo Tosti, Ronaldo Domingos(Bingo), Cristiano, Amauri, Devair e Diniz.
      Nesse período eu também orientava atividades extracurriculares como as gincanas. Esta era uma forma muito especial de avaliação tamanha a sua abrangência. O Educandário alternava prova e gincana, mês a mês, como forma de avaliação. Na gincana os grupos tinham que criar as provas mediante o tema oferecido a cada equipe, passando por todas as disciplinas da área acadêmica. Os professores orientavam as atividades e também julgavam.
Ficava para o aluno a criação e o desenvolvimento das provas.
      Fora do Educandário, os alunos participavam também de diversos eventos e apresentações. Dentre estes eventos quero citar como exemplo uma gincana realizada em Monte Azul, na qual o Educandário representou Bebedouro. Foram dez provas, Monte Azul venceu por seis a quatro, mas entre as provas vencidas pelo Educandário, destaco uma de dança em que preparei quatro pares de alunos para dançarem Valsa, Samba, Bolero e Tango. Casa casal se apresentou dançando um destes ritmos. No final a prateia se levantou e foi uma ovação triunfante.
     No dia das mães, dos pais e dos professores os alunos pediam para ficarmos na escola (após 10 horas de aulas e atividades) para confeccionarmos as lembranças que dariam de presente.
      Durante as aulas de marcenaria fizemos telas para aula de pintura, apagadores que encaixavam em caixinhas de giz, quadros para as 14 Estações da Via Sacra, divisórias com compensado, quadro para janelas com telas para proteção contra insetos, etc.
      Vários ex-alunos do Educandário se destacam em diversas atividades, além dos citados acima por seu trabalho na informática quero citar o Edmilson que trabalha como autônomo em uma oficina de marcenaria, o que muito me alegra e o Benevaldo que formado em filosofia trabalha na direção de uma instituição que acolhe crianças a partir de 12 anos. Outros são citados em outros depoimentos.
     Para encerar este meu depoimento quero meu cunhado supervisor de ensino participou em São Joaquim da Barra de uma reunião encontro como secretário da Educação da época que disse ser o Educandário Santo Antônio uma escola modelo no Estado de S. Paulo

                                                               Profª Dalva Alves Marques Canudo


Depoimento de uma professora de Bordado

       Em 1983 fui convidada pelos professores Edna e Sidnei para dar aulas num curso para adultos, no período noturno de bordado e máquina industrial.
       Tendo apoio do presidente do Educandário, logo que terminei o curso noturno, ele me convidou para dar as mesmas orientações para as crianças que estudavam na entidade, onde ficavam meio período, pois no outro seguiam acompanhadas de alguns monitores para escola primária fora da entidade.
        Com muita luta e dedicação conseguiu-se que fosse criada uma escola na própria entidade, primeiro apenas as primeiras séries do 1º grau, depois sucessivamente todas as séries, até o 3º colegial.
        Durante esse período o frei me propôs para que ficasse o período integral, onde eu ensinava noções de bordado, de acordo com a idade e a série.
        Logo me vi no dever de me atualizar para poder estar apta a dar prosseguimento no crescimento e interesse das meninas que passavam pelo bordado. Crescimento das crianças tanto profissional, como humano era o objetivo do Educandário.
        Para nós monitores e alunos, frei Eduardo foi sempre o nosso líder, nosso pai e amigo.
Sempre dando apoio nos momentos difíceis, sempre nos orientando e aconselhando quando precisávamos, por isso considero-o como meu pai.
        Devo muito a ele, pelo que sou hoje.
        O Educandário não era só uma Entidade e uma Escola, mas sim uma família, onde todos davam o melhor de si, pois tínhamos em nossa frente o exemplo de um homem incansável, batalhador, dedicado, amoroso, amigo e professor.
        Deixou muitas saudades quando se ausentou. Tínhamos a Esperança de sua volta.....

                                                                                          Vera Lúcia Delanez


 Minha trajetória no Tênis de Mesa

         De família humilde eu e meus sete irmãos estudamos no Educandário Santo Antônio, escola que consideramos nossa segunda casa, onde aprendemos a ser dignos e aproveitamos  muito de bom para nossa vida. Eu, pessoalmente, lá permaneci 17 anos, praticamente metade de minha vida, durante 11 anos como estudante, depois contratado como instrutor de Tênis de Mesa.
          Foi no Educandário que aprendi a jogar o Tênis de Mesa, esporte que aos poucos fui aprendendo a amar e me dedicar. Lembro-me que não foi nada fácil tornar-me integrante da equipe do Educandário e da cidade.
          Na escola era muito acirrada a disputa para fazer parte da equipe. Primeiro das categorias que disputavam os jogos da Primavera, competição entre todas as escolas da cidade, públicas e particulares. Lembro-me que nos primeiros anos éramos “saco de pancada”, mas depois fomos melhorando e conquistávamos a maioria dos troféus em disputa. Particularmente, penso que o empenho e a boa vontade de todos, fizeram com que nós alunos, aprendêssemos um esporte muito difícil de se praticar.
          Para representar a elite da escola eram disputados vários torneios internos, sendo de 1ª e 2ª divisões. Os cincos primeiros formavam a equipe representativa do Educandário nas Olimpíadas do Trabalhador. Na época, nesta modalidade, a equipe do Bebedouro Clube era imbatível e nós meros participantes, mas com o correr dos anos passamos a competir de igual para igual com eles, chegando mesmo a vencê-los nas últimas competições.  
           A partir daí o Educandário, com o apoio do Departamento de Esportes da Prefeitura, passou a investir na compra de melhores materiais. Quando se aproximava alguma competição, nós que só treinávamos aos sábados passávamos a treinar, também, algumas vezes durante a semana, após o expediente. Começamos a ganhar tudo na cidade, até que fomos convidados a representá-la nos Jogos Regionais.
           Nos Jogos conhecemos vários treinadores e, um deles chamado Josué, treinador da cidade de Descalvado, começou a nos incentivar e passou anos orientar melhor em nossos treinamentos. Eu e meu companheiro de equipe André chegamos a ir a Descalvado e a treinar com a equipe daquela cidade três períodos por dia (cedo, a tarde e a noite),durante uma semana, tendo nos aprimorado e muito aprendido. Retornando, tudo repassamos aos demais alunos.
            Depois disso um dos integrantes da Equipe de Descalvado, Marles, hoje integrante da comissão técnica da seleção brasileira, veio durante um período  lecionar Tênis de Mesa no Educandário. Para nós, foi um salto de qualidade e, com isso disputamos vários Jogos Regionais e até mesmo, Jogos Abertos do Interior, sempre representando o Educandário e a nossa cidade de Bebedouro. 
             Eu e André chegamos mesmo a participarmos de uma Clínica Internacional de Tênis de Mesa em Piracicaba, centro de treinamento da seleção brasileira, coordenada pelo seu técnico Francisco Camargo e assim aprimoramos mais nossa técnica neste esporte.
             André passou a dar aulas no próprio Educandário e,eu fui contratado pela prefeitura para expandir mais o esporte na cidade. Juntos começamos a coordenar nossas equipes, que na maioria das vezes era formada pelos alunos do Educandário nos Jogos Regionais e nos Jogos Abertos do Interior.

                                                                 Márcio Jesus Aparecido Nunes





Minha passagem pelo Educandário

     Confesso que nada o que vier acontecer na minha vida será suficiente para superar a experiência vivida por mim nos doze anos que passei no Educandário. É impossível dimensionar a importância deste período levando-se em conta tudo o que sou hoje enquanto pessoa e enquanto profissional.
      Devo àquela instituição tudo o que sou e tudo o que tenho, a contar da minha profissão até minha família. Quisera eu poder passar mais doze anos no Educandário, rodeado de verdadeiros amigos, ótimos professores, funcionários, diretores... pessoas estas que me fizeram crescer como uma criança que sonha com um futuro melhor, como um adolescente que almeja um mundo mais humano para todos e como um jovem que acreditou nos seus ideais, foi a luta e venceu.
       Todos, que como eu passaram pelo Educandário, têm uma dívida muito grande para com ele, que talvez nunca será paga por mais que façamos por ele.
       Por trás deste projeto tão bonito estiveram e ainda estão pessoas que acreditam nas crianças deste País e que vêem nos investimentos em educação a única forma de se garantir uma vida mais digna e honesta para todos. Falar do Educandário sem mencionar os organismos internacionais  que dão uma inestimável contribuição é como contar a história do Santos Futebol Clube e se esquecer do nome do maior jogador de todos os tempos: Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Em fevereiro de 2008, o Educandário está completando meio século de história e nestes anos todos sempre esteve ligado a instituições da Alemanha e da Itália, que olham para as crianças brasileiras.
      Mais do que 50 anos, o Educandário estará comemorando os mais de cinco mil cidadãos bebedourenses que por ele passaram até hoje e que dele jamais se esquecerão.
      Sonho, hoje, é ver um Educandário em cada canto de nossa cidade, do nosso Estado e do nosso País. A semente já foi lançada.

                                                                             Nilton Santos, jornalista.





Educandário – Uma nova proposta de vida.

         O Educandário para mim foi uma experiência única. Abriu-me portas, proporcionou-me oportunidades, das quais jamais teria...
         Foi um tempo maravilhoso. O Educandário foi o bálsamo que ajudou a curar as feridas advindas da recente separação de meus pais. Em um momento você tem uma casa e uma vida normal, com pais que jamais discutiam (credito que o faziam na calada da noite) e irmãos que sempre discordavam uns dos outros (algo comum em qualquer casa, com mais de um filho). Em outro momento, pais separados. Ou seja, quem sempre te protegeu, "te abandona" (não se pode entender, aos 11 anos de idade, que o pai separou-se da mãe e
não de você).
            Aí então, sou acolhida pelo Educandário Santo Antonio, como dizia o hino: É um pai, um amigo, é um lar, um abrigo, uma escola de irmãos..." No início estranhei bastante.  

           Sair do Paraná para São Paulo... já foi um choque. Mudar de cidade e de escola. Recomeçar... Ficava longe de casa o dia todo. Não era permitido levar o caderno para casa; não tinha lição para fazer. Corria e brincava, voltando a tardinha suja e suada. Que escola
estranha! Mal sabia que me apaixonaria muito em breve, por um estilo de vida, completamente diferente do que eu conhecia.
            Lá eu tinha tudo, estudava pela manhã e a tarde uma série de
atividades: coral, aulas de interpretação, xadrez, tênis de mesa, piano,
datilografia, culinária, bordado à maquina, corte e costura, crochê,
confecção de flores artificiais, educação física e pintura em porcelana e
tela. O que me deu uma visão ampla, novos horizontes se abriram.... Coisas
que curto fazer até hoje. A noite dormia cansada, feito anjo. E ao amanhecer
retornava, ficava na fila, em frente a porta do refeitório, rezava uma Ave
Maria e um Pai Nosso e cantava o hino (todo Santo dia), e após 18 anos, ·ainda posso me lembrar a letra. Almoçava, lanchava e tomava sopa, antes da
saída (polenta com carne moída, na maioria das vezes. Após sair de lá,
passei anos sem comer os dois). Havia um ônibus, que passava próximo a minha
casa, nos levava para a escola e ao término do dia, nos trazia de volta.
             ...Hoje...  posso apreciar uma ópera, consciente de que tudo teve
início no Educandário, com as aulas do Pedro Roratto, professor de coral
(ele muito paciente e dedicado, eu tensa e desafinada - ora era soprano, ora
era contralto). Quantas vezes vim à Campinas, me apresentar, juntamente com
o pessoal, no Centro de Convivência Cultural, sem saber que aqui, me
instalaria de corpo, alma e coração.   
            Posso desfrutar melhor um concerto, seja de violino ou de piano,
por ter tido uma educação musical adquirida durante as aulas com a
professora Denise, (me lembro do salão de música, como se fosse hoje; bem no
centro do prédio principal, no andar superior, com duas enormes escadas
laterais. Que saudade!).
      Vejo em mim um pouco de cada educador, professor ou orientador que
tive, pois, acredito que ao se relacionar com outra pessoa, quer seja
social, profissional ou emocionalmente, ambos deixam de ser a pessoa que era
antes, por haver uma troca, um pouco de você irá com ela e um pouco dela
ficará com você. Tenho um pouco da seriedade do Sr.Sidney (administrador), a
pontualidade britânica do Frei Eduardo e a responsabilidade da D.Edna
(diretora). Ainda ouço sua voz grave dizendo: "Não chore menina. Guarde suas
lágrimas para derramar por seus filhos." Hoje, com dois; posso entender
melhor o que é isso. Sábio conselho!              
      Sempre gostei do Brasil, sem nunca pensar em morar em outro lugar.
Nesse momento... me questiono se vale a pena permanecer aqui. Temo por
minhas crianças. Acredito que se houvesse mais Educandários, como o que eu
frequentei, as pessoas seriam mais felizes porque poderiam passear mais,
frequentar mais praças públicas, sem se preocuparem com seus pertences e
dormirem tranqüilas, sem se preocuparem com seus filhos ao sairem. Por terem
certeza de que retornaram. Já que lá, aprenderiam o verdadeiro significado
das palavras respeito, dignidade, fraternidade e união, usando de seu tempo
livre para uma formação completa (muitas crianças, deixariam as ruas e
teriam oportunidade de crescerem, terem uma profissão, amarem e serem
amadas).
      Me lembro do discurso do Américo na missa de formatura, que o
importante é ter e não ser (é tanta emoção, que acabou se equivocando), se
bem que para muitos, isso é real. Convivo com pessoas assim o tempo todo.
     E... se querem saber... sinto orgulho por ser filha do
Educandário, uma escola Franciscana que me ensinou a ser uma pessoa melhor.
Me sinto realizada, porque profissionalmente, posso ajudar as pessoas, já
que sou biomédica, formada pela Faculdade Barão de Mauá de Ribeirão Preto.
Atuando em medicina nuclear, na Unicamp, há 10 anos.
      Não saberia dizer o quanto o Educandário influenciou em minhas
decisões (o que posso dizer é que sou uma pessoa feliz com as escolhas que
fiz). Tenho tudo o que sempre almejei: um marido maravilhoso: o Sérgio (que
por odiar levantar cedo, sempre nos atrasa para as comemorações escolares,
mas eu o amo mesmo assim). Moro em um condomínio tranquilo, próximo à
Campinas (cuja estrada para chegar é linda, toda arborizada e cheia de
curvas). E ainda tenho dois filhos, que são minha vida: o Giovanni, de 8
anos, impulsivo como eu era (a maturidade lhe trará serenidade), e a Ana
Carolina, de 3(carismática, meiga e delicada). E me vejo a todo momento a
passar valores que trago na esperançam de que se perpetue neles. Não há
palavras para descrever a alegria de ter filhos, tanto quanto a dor de se
perder uma mãe.
         Jamais poderei saber o que eu seria, se o Educandário não tivesse
cruzado meu caminho, só sei que tudo o que eu disser, será pouco para
demonstrar a minha gratidão. Sempre fui tímida e talvez pela separação de
meus pais, tornei-me insegura também. O Educandário não fez com que eu
perdesse a timidez, mas ajudou-me a superar a insegurança. E só há duas
palavras que posso repetir muitas e muitas vezes, "Obrigada Educandário".E é
nessas horas, que me lembro do quanto sou abençoada e o quanto forças
maiores do Onipresente, cuida de nós.
         Agradeço ao Frei Eduardo pela chance de poder compartilhar com
outros, essa experiência que mudou a minha vida.Muito obrigada.


                                                                               Edna Márcia Rodrigues, Biomédica.
                                                                                Medicina Nuclear – Unicamp



Homenagem ao Mestre

Ah! Como eu gostaria de dizer aqui, tudo o que o senhor merece ouvir,  mas o espaço é curto.
Acho que nem mesmo em todo este livro e nem mesmo em uma vida toda conseguiria dizer o quanto o senhor significou, e, ainda significa pra todos nós.
Ha! Quantos momentos tristes, momentos de suspense, momentos de intensa alegria …
Como eu gostaria de reviver todos estes momentos.  O senhor,  com aquela barba branca,  nos engrandeceu com toda sua sabedoria,  sabedoria esta que agora, aqui, neste livro,  as pessoas que não tiveram a felicidade de conviver ao seu lado poderão apreciar pelo menos um pouquinho.
Como estou contente em poder estar aqui e viver tal feito,  onde veremos brilhar seus projetos, porque sábio não é aquele tudo sabe,  mas sim aquele que tudo que sabe compartilha.
Ao Senhor,  homem de inestimável valor,  devo a pessoa que hoje sou.  Passou-nos valores que cultuamos e nos orgulhamos.
A este homem que se eternizou em nossas vidas e que nos fez de crianças menores e carentes,  homens de caráter,  dignidade,  lutadores  é vencedores,  pelo que foi e ainda é, o nosso muito obrigado,  e que Deus retribua o bem que nos fez.

Lourival Rosa Basílio, funcionário público, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bebedouro.

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